sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

As ilhas



O pensamento é a ilha na ilha. ainda assim e apesar de, as ilhas com ilhas interagem entre si e especulam o fato de serem apenas ilhas. Não aprofundando, concluem que ser ilha é privilégio do agora, portanto esquecemos pés no calor do orgulho próprio. De ilhas para continentes basta um passo para trás e agora vemos um oceano de distância onde pensamentos afogam-se na tentativa irresoluta de contato com o exterior.
 Resta novo afastamento na esperança de um quadro mais amplo, mas o que se vê é apenas um ponto.
 Daqui, não se enxergam ilhas, pesamentos, reis ou privilégios. Somos todos um farelo flutuante nesse imenso mar de vácuo que, coerentemente, chamamos de espaço. E nada mais.
 Esse seria o fim, caso a história fosse escrita apenas com a cor dos dias cinzas de solidão medonha ou fosse contada com o sussurro dos ventos gelados no final de outono. Mas não, ainda há os que preferem dividir o cinza na esperança de armazenar o caminho, fazendo com que a busca se torne a meta e a meta se torne a busca. E como quem não deseja nada além daquilo que já tem, todo presente se torna dádiva e toda guerra se torna paz. Ao içar das velas, o vento pai dos ecos torna-se combustível, levando o pensamento de ilha em ilha, criando uma conexão entre aqueles que nunca se tocam. É nesse ponto que algo acontece e as ilhas com ilhas de pensamento se tornam iguais e as distâncias não passam de mera lembrança. De qualquer forma, continuamos sendo apenas ilhas com ilhas em um ponto flutuante no espaço de vácuo infinito, mas há uma certeza, estamos todos juntos no mesmo barco que navega de ilha em ilha sem parar jamais, levando um pouco de cada um para todos nós.
Cabe a cada ilha, disseminar o que de mais belo se tem, e assim, nunca mais se ouvirá falar em solidão.

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